Paixonetas primárias
É numa sala do primeiro ciclo do Ensino Básico que estou durante a semana.
Revejo-me nos meus alunos e recordo as brincadeiras da Escola Primária (era assim que se chamava na altura).
Nessas alturas, no fundo do meu Ser, há um bichinho que me faz soltar sorrisos e me faz piscar-lhes o olho a cada afecto... Vejo os rapazes a irem ter com as meninas, a oferecerem-lhes desenhos e papéis com quadradinhos...
Qual o rapaz que nunca enviou um papelinho à amada com quadrados para que ela pudesse responder "SIM" ou "NÃO"?
É sem maldade que o fazem, e admitir a paixoneta perante todos os colegas é impensável. Dá para brincar, dá para recordar, dá para entrar nos "jogos" deles e ser confidente, dá para cultivar os afectos, as amizades...
Se as cores primárias são três (magenta, cyan e amarelo), as minhas paixonetas também foram três...
Naquela altura parecia tudo muito fácil. Era fácil gostarmos hoje e amanhã, só porque a brincadeira não foi aceite, o namoro estava acabado.
O namoro era tão simples como dizer "Olá", dar as mãos, brincar juntos... Era tudo tão inocente, tão sincero!
Ao entrar para a Escola Primária deparei-me com duas meninas na minha sala que me faziam corar: a Rita e a Andreia.
A Rita, posso dizer, foi aquela a quem mais me "prendi", se é que posso dizer isto. Era uma forma de gostar incondicional. Todos os dias havia bilhetinhos com quadrados a perguntarem "Queres namorar comigo? Responde até ao intervalo!", todos os dias eu sorria quando a via. Podia vê-la a metros de distância que sabia que era ela... Não me esqueço da forma do seu andar. A subtileza do calcanhar a assentar no chão... Agora escrevo isto e corro o risco de roçar o ridículo, mas o certo é que aquilo mexia, e muito, comigo... Fomos colegas durante quatro anos e, querendo ou não, vou sempre recordá-la como a minha primeira namorada da Primária.
Andámos na mesma escola até ao ensino secundário, mas as coisas nunca foram as mesmas. Separaram-nos no 5.º ano e isso foi muito prejudicial para a nossa amizade... Recordações! Foi a minha magenta!
A Andreia era muito gira e tinha sardas... Foi fugaz!
Num dos primeiros dias de aulas brincámos todos num pátio interior da escola. Ela tinha uns ténis cor-de-rosa e parecia ser a rapariga mais atlética da turma. Saltava com uma agilidade fenomenal...
Apesar da fugacidade não escapou a uma zanga...
Recordo episódio que pôs fim a um "namoro", foi na segunda classe. Fomos ao teatro da Malaposta. Enquanto esperávamos pela peça de teatro um dos meus amigos levantou-se, foi ao pé dela e deu-lhe um beijo na cara. Ela, sem culpa nenhuma, foi alvo da minha ira. O namoro acabou ali. O meu amigo continuou a ser meu amigo, e até jogámos à bola nesse dia... Amarelo!
O cyan fica guardado para a Marta!
Era um ano mais nova e conheci-a por ser prima da Rita!
A Marta cativava-me como se eu fosse o Principezinho. Os grandes olhos verdes valiam por TUDO! Só de vê-los já ficava envergonhado, corava e baixava a cabeça para não ter de olhá-los de frente... Tinham um feitiço fulminante! Também mandei bilhetes à Marta. E o melhor, ela respondia!
Chato foi o sábado em que um papel foi apanhado no bolso de trás das minhas calças de ganga. A Marta tinha dito que ia gostar de mim por muito tempo... O meu irmão perguntou-me quem era a Marta e a minha mãe disse-me que estava triste porque eu tinha uma namorada e não lhe tinha dito nada... Que vergonha! Sei que me tranquei no quarto... típico do Marco!
Eu ficava radiante e ansiava pelo intervalo só para poder ficar a vê-la brincar com as amigas.
Um dia, numa papelaria que havia no bairro onde morava, estava com o meu pai a comprar umas canetas de feltro quando vi a mãe da Marta entrar pela papelaria adentro. Esperei que não me reconhecesse e saí para a rua. Deixei as compras a cargo do meu pai. Não sei se a mãe dela me conhecia, mas eu não podia ficar nem mais um minuto ali dentro.
Mas o pior foi quando fui apresentar um trabalho (na quarta classe) à sala da Marta. Ali estava eu, numa sala que não era a minha e em que toda a gente sabia que eu gostava dela. Não foi tarefa fácil... Ouvi muitas boquinhas e até a professora ficou a saber que eu e a Marta éramos namorados.
A Marta, por ser prima da Rita, brincava com ela. Lembro-me do dia em que elas estavam a brincar juntas e fui lá tentar dar um beijinho a cada uma... Como é óbvio, e devido à disputa de primas existente na altura, não fui bem sucedido. É que ambas se recusaram: obrigaram-me a escolher. Mas eu não podia desiludir nenhuma das duas, gostava muito de ambas...
Da Andreia perdi o rasto, da Rita e da Marta (as primas) voltei a encontrar sinais. E tudo graças àquela comunidade a que muitos chamam montra: o hi5!
Revejo-me nos meus alunos e recordo as brincadeiras da Escola Primária (era assim que se chamava na altura).
Nessas alturas, no fundo do meu Ser, há um bichinho que me faz soltar sorrisos e me faz piscar-lhes o olho a cada afecto... Vejo os rapazes a irem ter com as meninas, a oferecerem-lhes desenhos e papéis com quadradinhos...
Qual o rapaz que nunca enviou um papelinho à amada com quadrados para que ela pudesse responder "SIM" ou "NÃO"?
É sem maldade que o fazem, e admitir a paixoneta perante todos os colegas é impensável. Dá para brincar, dá para recordar, dá para entrar nos "jogos" deles e ser confidente, dá para cultivar os afectos, as amizades...
Se as cores primárias são três (magenta, cyan e amarelo), as minhas paixonetas também foram três...
Naquela altura parecia tudo muito fácil. Era fácil gostarmos hoje e amanhã, só porque a brincadeira não foi aceite, o namoro estava acabado.
O namoro era tão simples como dizer "Olá", dar as mãos, brincar juntos... Era tudo tão inocente, tão sincero!
Ao entrar para a Escola Primária deparei-me com duas meninas na minha sala que me faziam corar: a Rita e a Andreia.
A Rita, posso dizer, foi aquela a quem mais me "prendi", se é que posso dizer isto. Era uma forma de gostar incondicional. Todos os dias havia bilhetinhos com quadrados a perguntarem "Queres namorar comigo? Responde até ao intervalo!", todos os dias eu sorria quando a via. Podia vê-la a metros de distância que sabia que era ela... Não me esqueço da forma do seu andar. A subtileza do calcanhar a assentar no chão... Agora escrevo isto e corro o risco de roçar o ridículo, mas o certo é que aquilo mexia, e muito, comigo... Fomos colegas durante quatro anos e, querendo ou não, vou sempre recordá-la como a minha primeira namorada da Primária.
Andámos na mesma escola até ao ensino secundário, mas as coisas nunca foram as mesmas. Separaram-nos no 5.º ano e isso foi muito prejudicial para a nossa amizade... Recordações! Foi a minha magenta!
A Andreia era muito gira e tinha sardas... Foi fugaz!
Num dos primeiros dias de aulas brincámos todos num pátio interior da escola. Ela tinha uns ténis cor-de-rosa e parecia ser a rapariga mais atlética da turma. Saltava com uma agilidade fenomenal...
Apesar da fugacidade não escapou a uma zanga...
Recordo episódio que pôs fim a um "namoro", foi na segunda classe. Fomos ao teatro da Malaposta. Enquanto esperávamos pela peça de teatro um dos meus amigos levantou-se, foi ao pé dela e deu-lhe um beijo na cara. Ela, sem culpa nenhuma, foi alvo da minha ira. O namoro acabou ali. O meu amigo continuou a ser meu amigo, e até jogámos à bola nesse dia... Amarelo!
O cyan fica guardado para a Marta!
Era um ano mais nova e conheci-a por ser prima da Rita!
A Marta cativava-me como se eu fosse o Principezinho. Os grandes olhos verdes valiam por TUDO! Só de vê-los já ficava envergonhado, corava e baixava a cabeça para não ter de olhá-los de frente... Tinham um feitiço fulminante! Também mandei bilhetes à Marta. E o melhor, ela respondia!
Chato foi o sábado em que um papel foi apanhado no bolso de trás das minhas calças de ganga. A Marta tinha dito que ia gostar de mim por muito tempo... O meu irmão perguntou-me quem era a Marta e a minha mãe disse-me que estava triste porque eu tinha uma namorada e não lhe tinha dito nada... Que vergonha! Sei que me tranquei no quarto... típico do Marco!
Eu ficava radiante e ansiava pelo intervalo só para poder ficar a vê-la brincar com as amigas.
Um dia, numa papelaria que havia no bairro onde morava, estava com o meu pai a comprar umas canetas de feltro quando vi a mãe da Marta entrar pela papelaria adentro. Esperei que não me reconhecesse e saí para a rua. Deixei as compras a cargo do meu pai. Não sei se a mãe dela me conhecia, mas eu não podia ficar nem mais um minuto ali dentro.
Mas o pior foi quando fui apresentar um trabalho (na quarta classe) à sala da Marta. Ali estava eu, numa sala que não era a minha e em que toda a gente sabia que eu gostava dela. Não foi tarefa fácil... Ouvi muitas boquinhas e até a professora ficou a saber que eu e a Marta éramos namorados.
A Marta, por ser prima da Rita, brincava com ela. Lembro-me do dia em que elas estavam a brincar juntas e fui lá tentar dar um beijinho a cada uma... Como é óbvio, e devido à disputa de primas existente na altura, não fui bem sucedido. É que ambas se recusaram: obrigaram-me a escolher. Mas eu não podia desiludir nenhuma das duas, gostava muito de ambas...
Da Andreia perdi o rasto, da Rita e da Marta (as primas) voltei a encontrar sinais. E tudo graças àquela comunidade a que muitos chamam montra: o hi5!
PS: Não me zango com eles quando apanho papéis com mensagens amorosas!
Comentários
Deixaram saudades :)
Confesso que fiquei surpreendida por te lembrares de tantos pormenores!
Beju**